sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

EXCESSO DE MEDICOS EM PORTUGAL PARA BREVE??

Dentro de pouco tempo não haverá vagas para o ano comum (antigo internato geral) que absorvam o número exponencial de novos licenciados, isto sem contar com os concorrentes (muito bem-vindos) dos outros países da UE-27. Sim, bem-vindos pois trata-se duma questão semelhante à da demografia: apesar da nossa baixa natalidade, porquê termos mais filhos se há tantas pessoas no mundo (5000 milhões!) desejosas de viver e trabalhar em Portugal e que poderiam imigrar; do mesmo modo, porquê gastarmos tempo e dinheiro a formar novos médicos se há tantos outros desempregados no mundo a suspirar pelas especialidades que os nossos não querem (Medicina Interna, Clínica Geral, Saúde Pública, Patologia, etc.).
Todavia, a falta de profissionais é uma questão política e económica. Com um dos melhores ratios médico/habitante (1/300) do mundo, os portugueses continuarão a queixar-se enquanto houver dinheiro para financiar o SNS. Assim cairão no desemprego os generalistas (cujo trabalho é facilmente reprodutível pelos estrangeiros e recém-licenciados) e os especialistas que sirvam a população mais pobre (internistas, infecciologistas, etc.). Também se dizia em 2002 que havia falta de 12000 enfermeiros e hoje temos licenciados em enfermagem desempregados.
No futuro não será o corporativismo nem as necessidades da população a ditar empregabilidade dos médicos, mas sim a competitividade dos especialistas e os interesses dos ricos.
O mais curioso é esta acentuada inflação de notas apesar do aumento das vagas (que denota uma clara diminuição das matérias e da exigência nos exames): em 1996 as vagas eram 475 e a nota de entrada foi 171; este ano as vagas foram o triplo (1400) e a nota de entrada foi 178.

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